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Entrando no espírito de reflexão

A reflexão refere-se ao comportamento tanto da luz como do pensamento, como se os seus fluxos obedecem às mesmas leis, que o pensamento ilumina a realidade como a luz ilumina os objectos. As ideias luminosas dos investigadores, as explicações esclarecedoras dos professores, as soluções claras dos estudantes, todos demonstram compreensão.

Uma questão, um paradoxo, uma insatisfação, uma observação que não se encaixa, uma necessidade a satisfazer... uma faísca desencadeia uma procura de informação. Da informação então acumulada, emerge um embrião de um modelo, forma-se uma ideia, nebulosa, ainda vaga... chega um momento em que queremos compreender, sem qualquer zona cinzenta. Depois entra-se em reflexão. Como no coração do rubi dos lasers, reflectimos com o que temos, adicionamos energia, tornamo-lo mais coerente, reunimos os pedaços díspares num feixe. Na reflexão, organizamos a informação para tirar uma forma de conclusão, um conhecimento, que pode ser parcial, com elementos em falta identificados, ou definitivo, quando contornamos o assunto.

A reflexão tem também o seu fenómeno de narcisismo, de apaixonar-se pela própria imagem, de distorção, de ver algo diferente daquilo que se reflecte, inclusive na auto-avaliação, e muitas vezes de evasão, de olhar para outro lado, com todo o tipo de boas razões. Também se pode aprender a reflectir, tanto sobre a intenção e o caminho, como sobre a validade dos dados.

A arte da reflexão é múltipla. Alguns utilizam técnicas comprovadas, outros utilizam a sua intuição ou emoções. Alguns aplicam uma disciplina, outros entregam-se ao devaneio. Não se perturba uma reflexão. Por vezes chega um raio de luz, a reflexão termina e pode levar a um frenesim criativo, a uma necessidade de comunicação ou a uma serenidade inefável.

Quando Planck percebeu que o conceito de quantum, contra o qual tinha lutado tanto, finalmente explicou os níveis energéticos de emissão de luz, conseguiu definir o valor da sua constante e abrir todo um campo da física. Descreveu então um estado de serenidade que correspondia ao investimento intelectual que nele tinha investido. A luz ilumina a cena, o horizonte é revelado, o nevoeiro levanta-se, a visão é clara.

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Denys Lamontagne - [email protected]

Ilustração : DepositPhotos - davisales

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